[..] Depois que virei gente grande, descobri, com lucidez embaraçosa, que alguns amores se afastam do nosso alcance
igualzinho ao que acontecia com aqueles balões que vi se distanciarem
cada vez mais, cada vez mais, cada vez mais. No início, a gente caminha
todo prosa, um pé de vida florido, pontinha do sonho amarrada ao pedaço
de linha que se chama esperança. Planos de jardim com girassóis, filho
contente, cachorro, horta, rede na varanda, e aquela mão segurando a nossa, estrada afora.
De repente, começa a ventar o vento que tira os sonhos do lugar, que
faz o fio da linha se desprender do dedo, que recolhe a ponte e deixa o
abismo. Um vento soprado pela desatenção, o descuido letal para os
balões e os amores. Há um momento sem sol em que a gente percebe que o amor anoiteceu.
O coração enxovalhado, ferido, está exaurido pela aflição de tanto
esticar-se para tentar alcançar o fio da linha que se soltou e amarrá-lo
de novo na pontinha dos sonhos. No fundo, ele sabe que não o alcançará: voa longe demais da possibilidade de alcance.
Se ainda insiste, buscando impulso para pulos cansados, é porque aquele
amor, exatamente aquele, ainda é tudo o que ele mais deseja. Porque não sabe onde colocará as mãos,
o encanto, o olhar, depois daquele instante. Porque não lhe importa que
outro amor venha ao seu encontro. É aquele, aquele lá, que ainda o
descompassa... u.u # Dias eternos sem você =/
Nenhum comentário:
Postar um comentário