domingo, 8 de janeiro de 2012

 
 
"João arrancou as pétalas da menina um pouco mais baixa que ele. Em suas filosofias achava desencaixes, destruições próprias, para fugir da imensidão dos olhos fundos e castanhos. Deu um nó na cabeça da mocinha e um adeus. A noite choveu, o cobertor roeu e as canções cortavam o peito. O moço forte chorou. A moça fria desabou.

As semanas limparam os restos de lágrimas, o sol manchou o céu, as memórias eram tempestades fortes. Separar dois pares de pés, que andavam lado a lado, é como arrancar cascas de ferida sem pedir permissão, dói, sangra, arranca pedaços.

Na noite das promessas, o moço foi atrás da moça. Gritou, sacudiu e confessou: Junta tuas pétalas, mas não vá findar suas raízes longe do meu solo, meu jardim não é bonito sem ti. Então a dona olhou em volta, viu o solo do João sequinho, pensou em duas piscadas e decidiu com o tempo ir infiltrando suas raízes no chão arenoso daquele velho moço que um dia chamou de amor."
— Layla G. - Trechos para João Alguém

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